Jovens, mães e avós. Um convite ao aprendizado e superação
02/03/2021
Há algumas décadas, quase não se via mulheres à frente de negócios no agro. O espaço feminino estava restrito a outros setores e, quando muito, assumiam tarefas administrativas, mas nunca investidas com o tal poder de decisão.
Em meio ao processo de globalização, e não sem muito muito esforço, estudo, dedicação e competência, o cenário enfim tem mudado… Ainda bem! Hoje temos um agro mais inclusivo e plural, com a presença de profissionais mulheres em todos os segmentos e cadeias, dentro e fora da porteira, embora ainda há muito para conquistar, temos desafios a serem vencidos durante o longo caminho a ser percorrido.
Muitas mulheres do passado abriram caminho para tantas outras que vieram e para nós, que ainda seguimos vivendo dilemas antigos e novos, tentando fazer a ponte, reequilibrando o que já foi conquistado com o que ainda está por vir.
Conhecendo e respeitando nossa história, nossas conquistas, há que se entender necessário mudar certos questionamentos. Qual nosso papel no processo de construir um agro cada dia mais e mais sustentável? Quais nossos dilemas, nosso espaço e posicionamento na sucessão dos negócios e qual a “cara” do legado que queremos deixar aos que nos sucederão? Esses são apenas alguns dos questionamentos modernos latentes em nós.
Enquanto mulher do agro, somos aprendizado constante, e talvez isso se deva pelo pilar do agronegócio brasileiro estar fincado na família. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, divulgado pelo IBGE, 77% dos estabelecimentos agropecuários no Brasil são negócios familiares.
Não me restam dúvidas que a relação e o bom e velho vínculo familiar servem como mola propulsora para cada uma de nós. Suas histórias, nossas histórias se confundem com nossas lembranças, nossas rotinas diárias, nossas inspirações, exemplos e motivações.
Mulher e família, mulher e maternidade, mulher e negócios.
O mundo costuma dizer que quando mexem com nossos filhos, nós mulheres, mães, nos tornamos leoas, e isso é pura verdade, bem eu sei, e o mesmo acontece quando mexem com nossos exemplos, nossos negócios.
Tudo isso fez e faz parte da nossa força na conquista de nosso espaço. Nós fazemos por nós, mesmo existindo uma motivação extra: os que vieram antes e os que virão depois.
Quando a maternidade chega, junto nasce a expectativa que nossos filhos “tocarão nossos negócios” e o sonho de um legado inevitavelmente se fortalece.
O que sabemos é que uma sucessão familiar nem sempre é simples. Os filhos podem ou não seguir com os negócios da família. Cada um construirá a sua própria história também.
Mas o que preciso enaltecer e o que não podemos esquecer é que enquanto em outras profissões a mulher normalmente se aposenta e sua história profissional tem um fim, a mulher do agro está sempre passando por transições de carreira, independentemente da idade.
A todo momento essa mulher é convidada a reaprender. Sejam com as novas ferramentas e tecnologias que não param de chegar, sejam com os desafios que a maternidade traz ou com a habilidade em lidar ou ignorar o preconceito, superando-o com sucesso.
Há ainda o aprendizado no contínuo convite para que outras mulheres sigam despertando, se conhecendo, desabrochando e apoiando e posicionado, passando pelo aprendizado em se manterem firmes quando algo não vai bem.
Da mesma maneira que dentro da porteira nem sempre uma safra alcança as expectativas, que nem sempre as chuvas vêm a medida certa, para as que estão fora da porteira nem sempre as metas são batidas, existem inúmeros problemas a gerenciar nas esferas administrativas, jurídicos, fiscais e lá estão elas, lá estamos nós. Presentes, atuantes. Seguimos confiantes e aprendendo.
Seja em que ramo, área ou cadeia for, e em que lado da porteira estiver, mulheres são exemplos clássicos de energia em pura evolução, que demandam inovação, não se dobram às adversidades e se constroem resilientes.
Portanto, tê-las por perto como mentoras, como inspiração e referencial e poder usufruir da oportunidade de aprender com elas é garantia não apenas de aprendizado, mas de sabedoria e a isso e por isso, gratidão por tudo o que ensinam e compartilham com todos que convivem.
Um forte abraço e até mais,
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