É uma honra muito grande figurar aqui contando um pouco da minha trajetória no agro ao lado dessas mulheres que admiro!
Desde pequena ia para a lavoura com meu pai, mas confesso que não pensava seguir essa carreira…
Minha família cultiva arroz há mais de 40 anos, em Itaqui, na Fronteira Oeste do RS, e aprendi desde cedo de onde vinha meu sustento, aprendi a caminhar no barro e a riqueza das plantas. Fui criada numa cidade pequena, com meus pais e uma irmã mais nova, e meus pais me criaram para ser o que eu quisesse. Quando fui fazer faculdade, em Santa Maria, optei por cursar Administração, mas não era bem aquilo, eu não me sentia à vontade ali… Decidi então fazer outro vestibular e optei por Agronomia, e foi aí que me apaixonei pelo curso, e comecei a viver mais o mundo Agro. Nas férias da faculdade ia visitar a lavoura com outros olhos, ajudava outros agrônomos com a assistência, aprendendo sobre como era a profissão na realidade. Parecia que tudo tinha sentido para mim!
Quando me formei, tentei trabalhar com minha família, mas não deu certo…
Embora fizesse MBA em Agronegócio na época, eu era muito inexperiente, e meu pai já tem uma postura de empresário, não é apenas uma lavoura, é uma empresa rural, e eu acabei tendo que encontrar outro caminho para mim. Não foi fácil, mas foi necessário, para poder ser uma boa profissional eu tinha de experimentar, e assim eu aprendi bastante: beneficiamento de arroz, financiamento rural, assistência técnica em multinacional, microempresa, coordenação de marketing em multinacional, coordenação de vendas em revenda de insumos… Essas são algumas das experiências que eu vivi ao longo de 06 anos de formada como engenheira agrônoma. Vivências das quais sinto muito orgulho, pois conquistei cada uma delas com meu esforço. E cada uma delas, além de experiências profissionais trouxe evoluções pessoais necessárias a pessoa que eu quero me tornar. Sempre digo, pra mim não existe serviço ruim, ruim é não ter serviço.
Algumas pessoas tentavam me dizer que eu não precisava trabalhar, que minha família tinha propriedade, mas eu queria encontrar o meu espaço, ser respeitada por meu trabalho, não apenas por meu sobrenome. Nunca me deixei intimidar por dizerem que eu tinha escolhido uma profissão masculina, sempre busquei aprender e fazer meu melhor. E assim eu fui buscando e trabalhando por cada oportunidade. Conquistei muitos amigos, conquistei experiências, conquistei meu espaço. Hoje as pessoas escutam o que eu falo, porque sabem que eu “não brinco em serviço”. Acho que a experiência que nos faz ser respeitada é forjada principalmente nos dias difíceis. Exatamente quando estamos esgotadas e pensamos em desistir e não desistimos, nesse momento provamos para nós mesmas que merecemos chegar lá. Sempre cultivei uma fé grande em algo maior que eu, e sempre tive em meus pais grande apoio nos momentos de dúvida, como bons amigos e conselheiros.
Sei que minha trajetória está apenas começando, e tenho muitos desafios pela frente. Voltar para trabalhar com minha família será o maior deles, mas mesmo voltar só está sendo possível porque conquistei o respeito do mercado de trabalho e pude provar que sou digna de uma posição de confiança. Não podemos desistir jamais do que acreditamos ser nosso caminho!
• Graduação em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
• MBA Business Intuition Agronegócios pela Faculdade Antonio Meneghetti (AMF).
• Possui diversos cursos nas mais variadas áreas, pois acredita que conhecimento é construído de tudo aquilo que melhora nossas capacidades – além de cursos da área agronômica como regulagem de semeadora e fertilidade do solo, se arrisca também em culinária, escrita criativa e design thinking. Fala inglês, italiano, espanhol, e fala sem parar dos assuntos que gosta.
• Idealizadora do blog Nonô na Estrada, onde conta um pouco da sua rotina e propósito.
Noelle Viegas Foletto
Engª Agrônoma
(55) 9.9953-5627
noelleviegasfoletto@yahoo.com.br
Nonô na estrada
Adicionar comentários