13 de dezembro de 2024

Reflexos da Missão aos EUA ao Agro do Brasil

Passado o primeiro grande desafio internacional do atual governo, eu me pergunto quais terão sido os resultados dessa Missão aos Estados Unidos para o Agro do Brasil.

Mesmo tendo sido uma missão relativamente curta – 3 dias, a pauta oficial e extraoficial foi intensa e repercutiu em muito barulho, especialmente no Brasil.  E sob meu ponto de vista, o resultado mais visível dessa missão Brasil – Estados Unidos foi o reforço dos laços ideológicos pelas semelhanças dos seus dirigentes.  

Se por um lado, a participação do Ministro da Justiça Sergio Moro foi elogiada e materializou avanços, por outro paira uma sensação de frustração pelo Agro brasileiro não ter conseguido capitalizar os resultados pretendidos nas cadeias de carne, café, frutas e pescados.

Mas independente das críticas sobre o saldo da missão, o que jamais pode ser feito é atribuir isso à performance da Ministra Tereza Cristina, que sob minha análise teve uma atuação impecável, reforçando nacional e internacionalmente sua capacitação junto a essa importante pasta. 

Se para alguns membros da comitiva brasileira choveram críticas negativas, à ela foram contabilizados elogios

Com um discurso que o Brasil é sustentável e tem potencial de crescimento, foi sua postura coerente na condução das tratativas que chamou a atenção dos holofotes internacionais, em especial após elogios de ninguém mais nem menos que Donald Trump.

Inclusive após uma rodada de conversas com profissionais do Agro nos Estados Unidos, ficou a percepção que a sua participação na missão consolidou a imagem que o Brasil tem sim um Agro 3 C!  

Competente, Comprometido e Competitivo.

Mas mesmo com sua participação e domínio sobre a pasta, o Brasil pode ter sinalizado em algumas direções duvidosas como abrir mão de tratamento especial na OMC pelo apoio norte americano para ingressar na OCDE, organização que reúne 34 países ricos.  Mas vale destacar que essa renúncia não impacta em acordos firmados anteriormente pelo Brasil, apenas em futuros acordos e é aí que isso pode em algum momento prejudicar o Agro.

Com essa renúncia o país perde acesso, entre outros, a linhas de financiamento mais baixas e prazos maiores nos casos de disputas comerciais e perde a prerrogativa em casos de subsídios agrícolas a uma alíquota maior que as concedidas aos países desenvolvidos. E é aí que habita parte da frustração do setor com essa decisão.

Além disso a liberação de uma cota permanente de importação para moinhos brasileiros de 750 mil toneladas de trigo, isenta de tarifa, causou dissabor com nossos vizinhos argentinos e com produtores brasileiros que temem perder competitividade e já antecipam que isso poderia repercutir em recuo de área do cereal.

Passada a primeira grande missão internacional, o Brasil seguiu para o Chile para um encontro do MercoSul e lá “enfrentou” uma Argentina questionadora sobre a pauta trigo. 

E agora depois de Chile, o Brasil tem pela frente mais uma outra uma missão internacional importante.

No início de maio uma comitiva brasileira voará rumo à China!  E aí se concentra a grande expectativa do Agro brasileiro, justamente pela oportunidade que ela representa ao nosso setor.

Todos sabemos que China é importante parceiro comercial do Brasil (e de dúzias de outros países). É o nosso maior importador de Soja, grande importador de Minério de Ferro e petróleo e tem sido um parceiro fundamental para garantir resultados superavitários da balança comercial brasileira.

O desafio dessa Missão será consolidar a participação do mercado brasileiro junto ao país asiático e deve concentrar sua pauta no setor de carnes (suína, bovina e frangos) além de reforçar a parceria estabelecida com os produtos já comercializados.

A tão importante Missão à China acontecerá num momento importante e até estratégico, e é aí que o Agro brasileiro precisa contar com algumas situações:

  • O conhecimento técnico e a capacidade de articulação da ministra Tereza Cristina
  • Status comercial vigente entre Estados Unidos e China.
  • Área de Plantio de Soja e Milho temporada 2019 nos EUA.

Se voltarmos a um passado recente, os Estados Unidos e China há exatos 1 ano iniciaram um embate após os Estados Unidos anunciarem tarifas para a importação do aço e alumínio que na sequência culminaram em proporções maiores: barreiras tarifárias extras em produtos como Soja e desde o início dessa Guerra Comercial o Brasil vem aproveitando essa onda, aumentado a participação como exportador mundial do grão para destino China.

Caso a missão de início de maio ocorra num momento em que a guerra comercial entre aqueles países ainda esteja vigente, o agro brasileiro poderá tirar proveito de uma estratégia chinesa para pressionar os Estados Unidos.

Também merece destaque o fato que os Estados Unidos se preparam para uma nova rodada de negociações na China no próximos dias. Até agora todos os encontros realizados não determinaram em um acordo comercial pleno e de certa forma, a continuidade dessas desavenças seguiria favorecendo o Agro brasileiro.

E em meio a esse cenário pesará ao Agro brasileiro a decisão dos produtores norte americanos sobre a área que destinarão ao plantio de Soja e Milho. 

Vamos acompanhando! isso muito interessa ao mercado sul-americano.

Agora confira no link abaixo a entrevista que a Ministra Tereza Cristina concedeu a Globo News durante a visita aos Estados Unidos.
Entrevista da ministra Tereza Cristina

 

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