Entre gols e grãos!
A pergunta que não quer calar: quem é o melhor jogador? Méssi ou Neymar? Com a proximidade da Copa do Mundo, essa rivalidade volta a tona. E não é de hoje! Quantas vezes já ouvimos a eterna disputa entre Pelé e Maradona?
Há pouco mais de uma semana, ao chegar em Buenos Aires, o motorista do táxi logo notou que eu era brasileira. Antes mesmo de perguntar meu destino, lançou o desafio: “Quem vence a Copa este ano? Brasil ou Argentina?”. Sorrindo, num tom de brincadeira, respondi: “O time que jogar junto, unido, afinal ninguém vence sozinho!”.
Além do gramado, temos os campos de soja e milho. E quando o assunto é o agronegócio, a história muda um pouco. O clima pregou uma peça nos produtores argentinos, que passaram por um período de seca drástica e agora sofrem com o excesso de chuva. O primeiro, derrubou a safra de 55 para 38 milhões de toneladas de soja. O segundo,já afeta a qualidade do grão e agrava ainda mais as circunstâncias do principal exportador de óleo de soja do mundo.
Do nosso lado da fronteira, a safra brasileira de soja 2017/2018 foi muito bem, obrigada. A produção brasileira de soja deverá totalizar 119,4 milhões de toneladas, com aumento de 4,5% sobre a da temporada anterior, segundo previsão da consultoria Safras & Mercado. A guerra comercial entre China e Estados Unidos também atraiu o olhar do mundo todo para nossa região. O Brasil já é o principal exportador de soja para os chineses. E ainda há espaço para crescer, já que somos os principais exportadores do mundo da oleaginosa.
Brasil e Argentina se destacam no cenário do agronegócio entre os maiores exportadores do mundo e neste contexto, se tornam aliados. Devido a quebra de safra de soja, os argentinos estão comprando soja do Brasil, Paraguai e também dos Estados Unidos para assegurarem a demanda do esmagamento do grão.
Ainda com dificuldade de escoar a produção de soja devido às chuvas constantes, alguns armazenam os grãos em silo-bags, que poucos sabem, mas foi uma criação de nossos hermanos para driblar a demanda de armazenagem e os altos custos envolvidos. E os desafios não param por aí. A desvalorização do peso argentino (15% em apenas duas semanas!) também demanda atenção. Não é a toa que o presidente Macri pediu ajuda ao FMI, numa tentativa de conter uma crise econômica.
Ainda assim, o agronegócio segura o país. Segundo o boletim da Bolsa de Comércio de Rosário, foram embarcadas 5,6 milhões de toneladas de óleo de soja na Argentina (contabilizando tanto o produto nacional como o proveniente do Paraguai e da Bolívia), dos quais 99% saíram de Gran Rosario.
Os sul americanos sempre encontram um jeitinho para lidar com a crise, mesmo com tantos desafios políticos e econômicos. No agronegócio, vale a premissa de que juntos somos mais fortes! Brasil &Argentina – uma potência de grãos e gols! Que venha a Copa e a próxima safra!
Maio 2018
Roberta Paffaro
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