E o tema do mês da minha coluna para o Por Dentro do Agro é Inovação. Confesso que quando recebi a pauta para produzir o texto, fui tomada por certo desconforto e me peguei pensando várias vezes em como trazer esse assunto de forma leve e didática. Resolvi então escrevê-lo de forma que mostrasse como as mulheres, mesmo com menor espaço e participação na área da tecnologia, fazem a diferença e fui atrás de material para embasar o texto.
E esse assunto me fez refletir sobre dois tópicos.
Primeiro, sobre a recorrência dos temas Inovação e Tecnologia na mídia atualmente. Em muitos canais como sites, revistas, estudos, pesquisas, rodas de chimarrão e nos coffee breaks, o assunto passa pelas startups, sistemas, aplicativos e programas.
E segundo, ao constatar a fragilidade do papel da Mulher e a importância de sua participação nesse segmento, isso me incomodou profundamente, e acredito que vai fazer o mesmo com você.
Como isso ainda acontece, se hoje em dia as mulheres frequentam cada vez mais os cursos de exatas? Eu particularmente sempre tive uma facilidade na área de humanas, mas o perfil nas Universidades vem mudando, e a participação feminina em empresas de tecnologia parecem não acompanhar esse caminhar.
E essa não é uma percepção minha, isolada. Tanto que a campanha promovida pela ONU MULHERES para comemorar o Dia Internacional da Mulher deste ano englobou justamente os setores de tecnologia e inovação.
Ao adotar o tema “Pensemos em Igualdade, Construção com Inteligência e Inovação para a Mudança”, o órgão alertou para as oportunidades que tecnologia e inovação apresentam, e mostrou como essas práticas caminham para lacunas digitais cada vez maiores. Além disso, enfatizou também a limitação da mulher nas áreas de tecnologia, matemática, engenharia, ciência, justificando a sua ausência no desenvolvimento de inovações.
Imagem de divulgação do tema de 2019. [Reprodução/ONU]
Estudos recentes mostram que apenas 10% das profissionais inovadoras são mulheres, o que significa dizer que 90% dessas empresas são conduzidas e geridas por homens. Da totalidade das startups,* aproximadamente 75% delas tem equipes compostas exclusivamente por homens. Ou seja, não há mulheres trabalhando em qualquer projeto de inovação.
Assim como aconteceu nos Estados Unidos, no Vale do Silício, e em Israel, o Brasil caminha para estruturar polos de tecnologia. Aqui, vários estados já concentram hubs diversos, compostos por empresas que buscam por capacitação e se apoiam e complementam para atender com melhor eficiência as demandas de suas regiões.
Temos hubs de inovação e tecnologia que atendem vários segmentos: automobilístico, energia, médico, telefonia e também agro. A região de Piracicaba, no estado de São Paulo concentra 4 que reúnem startups e conectam pessoas e projetos ligados ao agro. E com o papel do agro brasileiro cada vez mais definido, influenciado pela cultura de grandes multinacionais, associados a leitura que cada vez mais mulheres vão aos campos, é natural observar a ampliação da participação feminina também nos laboratórios pesquisa e tecnologia.
A mulher do Agro tem uma sede enorme de aprender, de buscar informação, de buscar tecnologia para aplicar em seus negócios, seja ele dentro ou fora da porteira. Para exemplificar o que digo, compartilho com vocês a agradável surpresa que tive no final de maio, durante a minha participação na Campo Grande Expo.
Ao visitar às empresas expositoras, me deparei com várias startups com mulheres em seu time, uma em especial me chamou a atenção. Ela é ligada à pecuária que inova em serviços de abate, cuja gestão e equipe eram exclusivamente feitas por mulheres do Agro – veterinárias e engenheiras agrônomas.
Durante o próximo Congresso das Mulheres do Agro em São Paulo, nos dias 8 e 9 de outubro, provavelmente irá prospectar ainda mais startups. Ano passado o evento fomentou a participação desse segmento e foi um sucesso. Eu estarei por lá para ver isso acontecer, e também espero sua visita. Um abraço!
Matéria elaborada por Andrea Cordeiro exclusivamente para o Blog Por Dentro do Agro: Fonte
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