12 de dezembro de 2024

Birdbox: Da ficção para o mercado de grãos por Roberta Paffaro

Quem já viu, lembra.  As vendas nos olhos levam a caminhos nem sempre conhecidos. Desafios que conduzem a diferentes estratégias de defesa.  Desenvolver o sexto sentido é a principal delas. O subjetivo está presente, mas as emoções devem ser controladas. Cenas de tirar o fôlego que conduzem a um final que julgamos ser feliz, seguro.

De volta à vida real. A greve do governo dos Estados Unidos já é a mais longa da história do país: 33 dias, até hoje, 23 de janeiro. E ao que tudo indica, está longe de checar a um acordo com o presidente Donald Trump.  O relatório do USDA, que esclarece a oferta e demanda do mercado de grãos, ainda não tem previsão de ser retomado. Parece que uma venda nos olhos não nos permite enxergar o que virá pela frente. Ainda mais na conjuntura atual em que não se sabe a quantidade oficial que a China comprou de grãos dos Estados Unidos após a trégua em dezembro. Tudo indica, pelos preços mais estáveis na Bolsa de Chicago, que foram números significativos. Mas ainda fica a dúvida: pra onde irão os preços? Momento de especular? E quem precisa fazer hedge?

Na próxima semana, China e US devem se encontrar para seguir com a discussão sobre as tarifas impostas pelos dois países em produtos de importação e exportação. Se a guerra comercial continuar, a América do Sul segue como a menina dos olhos pra China. Caso contrário, a demanda diminui, já que Estados Unidos voltam ao jogo.  Em meio a tantas incertezas, a proteção de preços é imprescindível.

Segundo dados da CONAB Companhia Nacional de Abastecimento – a produção de soja deve atingir os 110 milhões de toneladas. Na Argentina, de acordo com a Bolsa de Cereales,  a expectativa é de uma safra de 53 milhões de toneladas. Juntando os dois países, somos os maiores produtores de soja do mundo. Brasil é o maior exportador do grão, sendo China o principal destino.

Em 2018, o Brasil embarcou 83,86 milhões de toneladas de soja, um recorde, 23% acima do volume exportado em 2017, segundo dados da Secex. Do total embarcado em 2018, 82,4% tiveram como destino a China. A receita total obtida pelas vendas do grão foi US$ 33,29 milhões, 29,5% a mais que a recebida em 2017.

Por outro lado, o Brasil precisa agregar valor a cadeia do agronegócio. Algo que caminha na contramão.  Por exemplo, no ano passado, a China começou a cobrar 30% de imposto sobre toda carne de frango exportada do Brasil. Não seria a hora deste acordo ser revisto? Se a China quer a soja brasileira, deve ter um contraponto também. Como exportar mais carnes, óleo e farinha de soja também.

E falando em frango.  A Arábia Saudita, maior comprador da ave brasileira, barrou a importação de 5 frigoríficos do Brasil. Seria uma retaliação a possível mudança da embaixada brasileira, proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, de Israel para Jerusalém? Ou apenas uma demanda técnica após a operação Carne fraca? O Brasil é hoje o maior exportador de frango halal* do mundo. Somente para a Arábia Saudita, foram 486 mil toneladas no ano passado.
A exportação de frango representou, em 2018, 28% da movimentação do Complexo Portuário que inclui os portos de Itajaí e Navegantes. O volume de aves exportado corresponde a US$ 229 milhões.

O Agronegócio move a economia dos países da América do Sul, assim como a política. Ambos precisam andar juntos, na mesma direção.

O ano começa no escuro, com inúmeros desafios, mas o Agronegócio é forte.  E como sempre digo, juntos somos mais fortes. Só não podemos ficar parados.

*Frango Halal: http://abpa-br.com.br/setores/avicultura/mercado-externo/a-tecnica-de-abate-halal

Este artigo reflete a opinião exclusiva da autora.

Roberta Paffaro

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