É cada vez mais comum a associação de uma cor a um mês e de que cada uma dessas atribuições possuam um significado especial.
Por exemplo, já conhecemos bem o outubro rosa e o novembro azul e a partir disso, começamos a entender ainda mais a importância dos cuidados da saúde tanto para a mulher como para os homens.
No Agosto Dourado, a comemoração é diferente e envolve todas as pessoas, de um modo geral, pois está relacionado a algo que a maioria das pessoas têm em comum: o leite materno como primeiro alimento.
Continue a leitura para descobrir o que significa essa campanha e como o leite materno é importante para a saúde das mães e dos bebês!
O que é a Semana Mundial do Aleitamento Materno?
A Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) é uma campanha criada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA, na sigla em inglês), e todo ano, mundialmente, é comemorada entre os dias 1 a 7 de agosto.
A intenção dessa ação é dar visibilidade e promover informação acerca da importância da amamentação para as crianças e também para as mães.
Para isso, a WABA, em conjunto a organizações e instituições de saúde pelo mundo, disponibiliza diversos materiais informativos para reforçar a importância do leite materno como alimento exclusivo até os 6 meses, podendo se estender até os dois anos ou mais da criança.
Essa semana tem o foco na sobrevivência e proteção do desenvolvimento infantil, uma vez que o leite materno é o melhor alimento para elas.
Estima-se que anualmente, no mundo todo, mais de 10 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos morrem por doenças que podem ser prevenidas e tratadas.
Com melhores taxas de amamentação em todo o mundo, mais de 820 mil crianças dentro dessa faixa etária podem ser salvas.
Por isso, o aleitamento materno até os seis meses de vida precisa ser incentivado por campanhas como a SMAM. Além de contribuir para o desenvolvimento infantil, a amamentação pode ter também impacto na vida adulta da criança.
Um estudo publicado pela revista The Lancet Global Health, feito a partir do acompanhamento de cerca de 3,5 mil recém-nascidos ao longo de trinta anos, identificou que há relações entre o período de amamentação na infância e os níveis de inteligência na vida adulta.
Segundo a pesquisa, quanto mais prolongado foi o período de amamentação do recém-nascido maiores foram os resultados em testes de QI quando adultos.
Consequentemente, os pesquisadores avaliaram as relações dos níveis de inteligência refletindo também na escolaridade e renda financeira dessas pessoas.
Objetivos da SMAM
Em 2018, quatro objetivos foram estabelecidos pela WABA para a Semana Mundial do Aleitamento Materno, sendo as seguintes propostas:
1. Informar
A ideia da SMAM como um todo é o de promover informação sobre os benefícios do leite materno. Dentro dos objetivos essa proposta também é reforçada.
Nas ações deste ano, os materiais distribuídos devem focar no modo como o leite materno está diretamente ligado a uma boa nutrição, discutir o quanto é seguro para os bebês e como a amamentação afeta na redução da pobreza.
2. Vincular
O objetivo é ter a amamentação como parte de uma agenda nutricional, de segurança alimentar e diminuição da pobreza.
3. Envolver-se
Criar uma maior comunicação com pessoas e organizações que trabalham em questões relacionadas a propagação de informação sobre o aleitamento materno.
4. Motivar
Fazer com que essas ações sejam capazes de promover a amamentação como uma forma de nutrição, segurança alimentar e como ferramenta para reduzir desigualdades.
Origem
A Semana Mundial do Aleitamento Materno começou a ser elaborada em 1991, em Nova York, em uma reunião entre ONGs organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O encontro foi feito para acompanhar o surgimento da Declaração Innocenti e para pensar em uma estratégia em escala global para promover a importância da amamentação.
Antes da assinatura deste documento, a Semana do Aleitamento já estava dentro das preocupações da OMS. Em 1948, a organização já promovia ações para tentar reduzir a taxa de mortalidade infantil através da valorização da amamentação.
A ideia, primeiramente, era de se ter um dia dedicado ao tema. Posteriormente, passou a ser uma semana.
No Brasil
Desde 1999, quem coordenada a Semana do Aleitamento Materno no Brasil é o Ministério da Saúde. Anualmente, o órgão é responsável por adaptar o tema definido pelo Waba e posteriormente pela elaboração de materiais informativos para distribuição, como cartazes e folders.
A ação da SMAM tem apoio de outros órgãos internacionais, Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais, da Rede Brasileira de Bancos de Leite, hospitais e Organizações Não-Governamentais
O que é a Declaração de Innocenti?
O documento chamado Declaração de Innocenti surgiu do encontro entre a OMS e UNICEF em 1990. Nele, alguns objetivos foram traçados e passados para as organizações governamentais e não governamentais de vários países, incluindo o Brasil.
São quatro objetivos operacionais que visam reduzir o número de mortalidade infantil, tendo como premissa promover a sobrevivência, proteção o desenvolvimento infantil.
As 4 metas estabelecidas pelo documento são as seguintes
- Estabelecer um comitê nacional para coordenar as ações voltadas a amamentação;
- Implementar os “10 passos para o sucesso da amamentação” em todas as maternidades;
- Executar o Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno e todas as resoluções propostas pela Assembleia Mundial da Saúde;
- Adotar uma legislação que promova a proteção da mulher na amamentação no trabalho.
10 passos para o sucesso da amamentação
Da Declaração de Innocenti nasceram 10 passos que devem ser seguidos para que a mulher e o bebê possam ser beneficiados pela amamentação. Essa lista coloca alguns objetivos e deveres a serem cumpridos pelos hospitais e organizações governamentais:
- Ter uma norma escrita sobre o aleitamento materno e repassar rotineiramente a toda equipe do serviço hospital essas informações;
- Promover um treinamento a toda equipe, para que estejam capacitados para implementação da norma;
- Levar informação a todas as gestantes sobre as vantagens da amamentação e de como deve ser feita;
- Auxiliar as mães a iniciar a amamentação ainda na primeira meia hora após o parto;
- Mesmo em casos em que as mães sejam separadas de seus filhos, mostrar a elas como manter a amamentação e a lactação;
- Dar ao recém-nascido somente o leite materno como alimento. Outros alimentos ou bebidas só devem ser feitos quando há uma indicação médica específica;
- Permitir e promover que as mães e os bebês permaneçam juntos 24 horas por dia (alojamento conjunto);
- Encorajar as mulheres a realizar amamentação sob livre demanda, ou seja, sem horários definidos;
- Não dar bicos artificiais ou chupetas para crianças amamentadas;
- Encorajar as mulheres a buscar grupos de apoio à amamentação.
Agosto Dourado
Até 2016, apenas uma semana de agosto era separada para levantar essa campanha de conscientização sobre o aleitamento materno, mas em 2017 isso mudou.
O Congresso Nacional sancionou uma lei que estipula que agosto deve ser considerado o mês do aleitamento materno.
O dourado, que já estava presente de diversas formas nas campanhas, agora fica ao lado do mês.
Sendo assim, durante todo o mês, prédios públicos deverão ser iluminados com a cor dourada, que simboliza a cor da amamentação. A cor sinaliza o quê o alimento representa ao compará-lo ao ouro.
Para a Organização Mundial da Saúde, o leite materno é classificado como o alimento de ouro para a saúde das crianças.
Tema do SMAM 2018
O tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno deste ano, definido pela WABA, é o “Aleitamento materno: a base da vida”.
A ideia da WABA é resumir nesse tema a importância vital da amamentação e como o leite materno é importante na construção de uma saúde com uma base sólida.
Tendo a amamentação como único alimento durante esses primeiros 6 meses de vida ou por mais tempo, a criança está recebendo uma proteção contra diversas doenças e se preparando para os próximos anos, para crescer protegida e com boa saúde física, emocional e mental.
O material compartilhado pela instituição será produzido de acordo com o tema e deve ser distribuído para todos os países que fazem parte da ação. Ele é traduzido em 14 idiomas, para que o maior número de pessoas possam ter acesso.
Porque o leite materno é importante para o bebê?
O leite materno é tido como um alimento padrão ouro e isso não é em vão. Ele é o único alimento rico o suficiente para nutrir o bebê por, no mínimo, 6 meses de vida. Ele tem tudo que é necessário para sua saúde da criança, inclusive água.
Seus nutrientes garantem uma boa nutrição para a criança durante os 2 primeiros anos de vida.
Por ter grande ação imunológica, protege a criança de infecções respiratórias, diarreia, alergias e outras doenças.
A longo prazo, o leite materno está associado ao menor risco de desenvolvimento de doenças como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade.
Sabendo disso, percebemos a importância de campanhas que divulguam informações sobre o quanto o aleitamento materno é essencial no desenvolvimento da criança, uma vez que ele é capaz de reduzir em 13% o número de mortalidade infantil dentro dos 5 primeiros anos de vida da criança.
A composição do leite materno, para isso, passa por algumas transformações. Essas mudanças refletem a necessidade do bebê.
Por exemplo, durante o início da mamada, o bebê recebe um leite com aspecto mais aguado. Esse leite é responsável por deixar o recém-nascido hidratado.
Quando o leite é mais espesso, o bebê recebe de fato um alimento, pois este contém mais gordura e será fundamental para o seu crescimento saudável.
Essa composição se divide em três tipos e são de acordo com o tempo de amamentação:
1. Colostro
O colostro é o primeiro leite materno após o parto. Ele contém um aspecto mais espesso e amarelado. Ele é rico em proteínas, anticorpos, vitaminas, lactose e sais minerais.
É tão importante para o bebê que é considerado a primeira vacina do recém-nascido. Ele protege a criança de infecções, ajuda na digestão e na limpeza do sistema digestivo do bebê.
A lactante produz entre 3mL a 5mL por mamada, correspondente a capacidade gástrica do bebê em seus primeiros dias de vida. O colostro é produzido por 5 a 7 dias após o parto.
2. Leite de transição
Após o colostro, a gestante passa a produzir o leite de transição. Esse leite acontece entre as duas primeiras semanas após o nascimento do bebê.
A cor desse leite, diferente do amarelado do colostro, passa a ser mais esbranquiçado e há um aumento significativo no volume.
A composição do leite de transição é mais rico em calorias, pois possui maior quantidade de gorduras, lactose e vitaminas.
O volume de produção do leite de transição, em alguns casos, é tanto que pode provocar ingurgitamento, onde as mamas da mãe ficam cheias e endurecidas, e mastite, uma infecção que pode acontecer quando as mamas não são esvaziadas com frequência.
Apesar de ser muito positivo essa produção abundante de leite, a mulher precisa tomar alguns cuidados para que ela não sofra com o ingurgitamento e a mastite.
Uma opção para as lactantes que produzem leite em grande quantidade é a doação para bancos de leite materno, que são tratados e repassados para bebês em situações que não podem receber o leite de suas próprias mães por motivos variados.
3. Leite maduro
Após duas semanas do parto, o leite materno é considerado como leite maduro. Diferente do leite de transição, a produção do leite é mais controlada. Acontece nesse momento uma regularização da produção em razão das necessidades do bebê.
Por esse motivo, algumas mulheres podem acreditar que seu leite diminui ou que esteja secando, mas não é isso que acontece. É natural que o leite maduro seja produzido em menor quantidade do que o leite de transição.
Da mesma forma nas outras fases, esse leite é rico em nutrientes essenciais para a saúde da criança.
Benefícios da amamentação para a saúde da mulher
O leite materno interfere positivamente na vida da mãe e do bebê. São diversos os benefícios que esse alimento proporciona. Conheça quais são as interferências na saúde da mulher:
1. Ajuda na prevenção do câncer de mama
A amamentação é considerada uma forma de prevenção contra o câncer de mama. Estimativas mostram que o risco de mulheres que amamentaram seja 22% menor do que para as mulheres que nunca amamentaram.
A porcentagem é gradativa conforme o tempo de amamentação, sendo de 7% para as mulheres que amamentaram por 6 meses, 9% para as que amamentaram de 6 a 12 meses e 26% para as que amamentaram por um período superior a 12 meses.
Além disso, os números também são interessantes no que diz respeito a sobrevida de mulheres que tiveram um câncer de mama, mas que amamentaram.
O estudo feito com essas mulheres mostrou que o risco de morte para mulheres que foram submetidas a uma cirurgia por câncer de mama e que nunca amamentaram, ou que amamentaram por 6 meses ou menos, é 3 vezes mais alta do que para as que amamentaram por tempo superior.
Pesquisas mostram que o incentivo ao aleitamento representa a prevenção de mais de 20 mil mortes por câncer de mama.
2. Diminui o risco de câncer no ovário
Estudos feitos com pacientes com câncer no ovário mostraram que é possível reduzir as chances da doença em até 30% quando se tem o aleitamento materno mantido por mais tempo.
3. Auxilia na proteção contra o carcinoma do endométrio
Assim como no câncer de mama e de ovário, as chances de mulheres que amamentaram desenvolverem um câncer do endométrio é inferior às chances de mulheres que nunca amamentaram. Com o aleitamento materno o risco diminui em 11% para essas mulheres.
4. Reduz o risco de diabetes tipo 2
A diabetes tipo 2 é uma doença crônica comum e, de acordo com algumas pesquisas, as chances são menores em mulheres que amamentam, onde o risco cai em 32%.
5. Reduz a enxaqueca
A amamentação pode contribuir para a redução de enxaquecas após o parto em muitas mulheres. Casos acompanhados de mulheres que apresentam essas fortes dores de cabeça antes do parto, tiveram uma diminuição na ocorrência após o aleitamento.
Perguntas frequentes sobre o aleitamento materno
Algumas dúvidas e mitos surgem quando o assunto é amamentação. Conheça algumas questões frequentes sobre o tema:
1. É proibido amamentar em público?
Não. Em nenhum local do Brasil a amamentação em público é crime, portanto, a prática não deve ser proibida ou recriminada.
Apesar de pertencer a um processo natural da maternidade, a amamentação quando é realizada em lugares públicos divide opiniões, muitas vezes sendo bastante criticada.
Contudo, amamentar é um direito da mulher e do bebê. A decisão de amamentar em público ou não cabe somente a mulher.
Para que isso seja possível, a mulher precisa se sentir confortável e segura, pois é uma necessidade da criança a amamentação.
Pode ser útil para as mães que se sentem desconfortáveis com a exposição o uso de mantas ou toalhas para cobrir o colo, garantido um pouco mais de privacidade. Para as pessoas em volta, resta o respeito pelo momento e empatia.
2. Existe um tempo ideal para cada amamentação?
Não, o tempo de uma mamada quem faz é o próprio bebê. Ele deve mamar até ficar satisfeito. É importante perceber se ela está ingerindo o leite que contém mais gordura, pois é este que o deixará saciado.
Os sinais de que o bebê está satisfeito são dados espontaneamente, quando por exemplo ele solta a mama ou acaba adormecendo no colo da mãe.
3. A lactante deve oferecer os dois seios para o bebê durante a mamada?
Não existe uma regra. Enquanto a mãe está amamentando ela perceberá quando o bebê está satisfeito e assim parar ou, se notar que ainda não está saciado, trocar para outra mama. É um processo natural e vai sendo moldado aos poucos.
4. Mulheres com leite excedente podem amamentar outros bebês?
Não, essa prática não é recomendada. Essa amamentação chamada de amamentação cruzada é considerada um risco para a saúde dos bebês e das mulheres, pois muitos microorganismo podem ser transmitidos, inclusive o HIV.
A opção mais saudável para as mulheres que produzem muito leite é a doação para Bancos de Leite Humano. Além de ser um procedimento seguro, este gesto ajudará a salvar outras vidas.
5. Existe leite fraco?
Não. Esse é um mito sobre o aleitamento materno. Pode acontecer, durante a transição do leite, que as mulheres desconfiem de que ele tenha mudado ou que esteja mais fraco, devido a sua aparência mais esbranquiçada.
Isso é normal e não significa que o leite é menos nutritivo. Até mesmo mulheres desnutridas são capazes de produzir um bom leite materno com tudo que o bebê precisa.
6. As mamadas devem ser feitas com horário marcado?
Não é necessário tornar esse processo tão rigoroso. O recomendado é que sejam feitas mamadas frequentes, sem horário e duração pré-estabelecida. O bebê deve mamar até se sentir saciado e sempre que demonstrar sinais de fome.
7. O que fazer quando ocorre o ingurgitamento?
O ingurgitamento é quando as mamas da mãe ficam mais endurecidas, devido a produção excedente de leite. Quando isso acontece, as lactantes podem fazer massagens em movimento circular nas mamas e após essa massagem colocar o bebê para mamar.
Se estiver muito cheia, a mulher pode retirar um pouquinho do leite antes de amamentar. Isso ajuda para que a aréola fique macia e o bebê tenha mais facilidade para mamar.
Se mesmo após dar de mamar para o bebê as mamas continuarem cheias, é recomendado que a mulher faça a ordenha e armazene o leite, que pode ser doado.
O leite materno é fundamental para a saúde dos bebês e para as mães. Também é fundamental que o aleitamento materno seja incentivado e promovido.
A Semana Mundial da Amamentação e o Agosto Dourado existem para que isso aconteça e para que mais crianças sejam beneficiadas por esse alimento de ouro.
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