Assim como acontece nos Estados Unidos quando após o feriado de Thanksgiving Day ocorrem a Black Friday e Ciber Monday, no Reino Unido e países de colonização inglesa, um dia após o Natal acontece o Boxing Day.
E nesse dia a performance do comércio e o fluxo financeiro transacionado balizam o ritmo da economia de ambos os países.
Mas para entender a importância e o porquê de o termo Boxing Day estar rendendo hoje tantas matérias nos programas econômicos de canais internacionais, vamos primeiro saber o que ele significa.
Assim como o Thanksgiving, não se pode afirmar como exatidão a origem da tradição. Para essa data existem duas teorias.
A primeira remete ao Século X quando um duque após o Natal teria percorrido sua propriedade, encontrado um indigente e lhe oferecido pão e vinho. Isso teria motivado a Igreja Anglicana a durante o advento pedir dinheiro em caixas (box). Após o Natal as caixas eram abertas e as doações repartidas entre os mais necessitados.
Uma segunda linha faz menção a um período da história inglesa em que as famílias ricas entregavam em uma caixa, presente para seus serviçais. Nas duas teorias existe a figura da caixa e na língua inglesa caixa é box. Logo a analogia com o Boxing Day.
Voltando aos dias atuais, o feriado foi incorporado no Reino Unido e em alguns países de colonização inglesa. Nesse dia, assim como na Black Friday, o comércio vai a loucura com os descontos promovidos pelo comércio. Aqui conhecendo um pouco sobre a tradição arrisco dizer que muitas pessoas deixam para comprar muitos presentes que precisam.
E aqui você pode estar se perguntando: “qual a razão desse texto?”
Posso te responder que dado o viés capitalista dessa data, o mercado financeiro acompanha o ritmo das compras para dosar a força da economia na Inglaterra. Esse ano os olhos do mercado estão mais observadores com a aproximação da saída do Reino Unido da Zona do Euro, prevista para fim de janeiro. Com o BREXIT estima-se um novo desequilíbrio econômico no bloco europeu e com efeitos secundários mundo afora. Adicione a isso efeitos da Guerra Comercial, logo fica claro entender o interesse pela performance das vendas de hoje.
E baseado nelas é que investidores no mundo inteiro devem determinar se migrarão ou aportarão capital de investimento ou especulativo no Reino Unido. E essas decisões também influenciam no fluxo de investimentos diretos/indiretos ou de especulação no Brasil. Os investidores atuam globalmente e arbitram posições. Logo uma decisão de migrar capital alocado no Reino Unido pode beneficiar o Brasil.
Na contramão do desempenho altista e positivo desse ano nos Estados Unidos quando as vendas da Black Friday e da Ciber Monday superam as melhores expectativas, a performance no Reino Unido mesmo com todas as filas reportadas nos noticiários, não parece ser positiva. Os números finais serão conhecidos daqui alguns dias, mas a expectativa do setor para a data não agrada economistas.
Uma projeção inicial é que consumidores gastariam 262 milhões de dólares a menos que em 2018, com um volume total estimado em 4.8 bilhões de dólares, representando média per capita de 242 dólares. A pesquisa realizada às vésperas do Natal reportou que 68% dos homens e 56% das mulheres consultadas consumiriam menos. A cada 10 pessoas consultadas, 6 confirmaram a tendência.
Num momento de Brasil com Selic a 4,5% ao ano e passando por uma saudável fase de saída de capital mega especulativo, vamos esperar pelos dados torcendo que em caso de má performance do Reino Unido, o Brasil atraia investidores.
E para finalizar, com um viés cultural, no Boxing Day, assim como nos Estados Unidos, quando a maior parte das famílias finaliza o dia de Ação de Graças em casa, comendo o que restou do peru e da torta de abóbora e assistindo um jogo de baseball, os ingleses tradicionalmente se reúnem para tomar cerveja, comer fish and chips e assistir os jogos de futebol dos times do país. Ao contrário do que acontece na maioria dos países, lá a bola não para nem para o Natal.
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