E para os que na sexta feira, 03 de maio, foram animados para casa apostando fichas que o acordo comercial entre Estados Unidos e China estava se aproximando, o susto na abertura dos trabalhos da soja na bolsa de Chicago no domingo a noite foi grande!
Os trabalhos iniciaram em forte baixa pegando o mercado no contrapé da expectativa de acordo – produtores, investidores, especuladores, tradings, indústrias, casas de consultoria e analistas.
A fala de Trump em rede social naquele início de noite, subindo o tom de voz, ameaçando aplicar já na sexta, dia 10, taxas de 25% em valor de importação chinesa equivalente a 200 milhões de dólares, motivou a onda de venda.
Alguns investidores (menores e pulverizados) visualizaram uma “oportunidade” na semana passada e acreditando que o preço da soja estava uma barganha por estar na bacia das almas compraram futuros e opções.
Alguns desses, no domingo 05 e na segunda 06, acabaram “estopando” total ou parcialmente suas posições, enquanto outros decidiram banca-las. A solução para que não pularam fora foi margear mais recursos pra cobrir o saldo negativo.
As apostas de compra da semana passada representaram prejuízo demonstrando que nem sempre os fundos ganham todo o tempo.
Vamos relembrar aqui que os fundos de investimento vêm apostando há muitos meses em preços mais baixos para a soja, mas nem sempre foi assim. Eles que vinham na temporada 2018 carregando posição comprada, foram lentos para acreditar na crise e demoraram quase 3 meses para corrigir as posições. No início de março do ano passado os fundos acumulavam cerca de 90 mil contratos comprados, no fim de abril elevaram as apostas de alta para 150 mil contratos, no fim de maio reduziram para 80 mil e em 15 dias zeraram as posições entrando vendidos no pregão do dia 13 de junho. E desde então apostam suas fichas na venda.
Desse momento – meados de junho até agora, pouco mais de 10 meses se passaram e os fundos administram uma carteira de 180 mil contratos vendidos! Sim, você leu certo: 180 mil!
Durante esse percurso os preços tiveram espaço para algumas compras técnicas e tomadas de lucro geralmente observadas no final de mês e de trimestre.
Com essa ilustração toda que fiz fica mais claro visualizar que os fundos que apostaram nas últimas semanas na proximidade do acordo foram incinerados pelos outros fundos que defenderam com unhas e dentes suas posições nos últimos pregões.
Com o fluxo de venda pesado foi fácil ver os preços da soja mergulharem até as mínimas a US$ 8,16 ¾ no contrato julho.
A fala de Trump via twitter foi o alerta para as vendas, mas o combustível extra veio em forma especulação sobre posicionamento da China de não aceitar imposição de mudanças nas leis chinesas, o que talvez explicasse a rapidez meteórica do encontro das comitivas em Pequin na semana passada. Essa fragilidade expôs de certa forma um ponto nevrálgico: A preocupação crescente sobre possível cancelamento da ida dos chineses aos Estados Unidos nessa semana.
E o mercado só se sentiu mais aliviado quando foram divulgadas notas sobre a intenção dos chineses em manter a data do próximo encontro (08 e 09 de maio) e com isso os preços recuperaram cerca de 50% da queda do dia (segunda-feira).
O texto continua em próximo post.
Adicionar comentários