Mercado da soja em Chicago segue pressionado e carente de notícias novas e por essa razão reagiu positivamente aos sinais de demanda chinesa para o mercado norte americano. Essa foi a justificativa para a reação nos pregões de terça, quarta e quinta aproximadamente 12 centavos nos vencimentos mais próximos.
Mesmo com essa reação, o saldo da semana não animou. Os preços da soja voltaram a cair na sexta (7 centavos) e os preços do contrato com vencimento maio, encerraram inalterado frente a semana anterior.
No viés de alta, depois de longo período ausente do mercado, os cargos de soja negociados nos Estados Unidos animaram investidores que compraram soja com vencimentos mais curtos. O saldo positivo poderia ter sido melhor, mas nos 3 pregoes em alta, a oleaginosa não apresentou força suficiente para se manter perto das máximas registradas. Além do gás da demanda, correção técnica foi justificativa para a alta.
Por agora estamos em um momento de transição. A pressão de safra brasileira foi praticamente precificada, a Argentina segue colhendo enquanto Estados Unidos se voltam aos trabalhos iniciais de plantio, trazendo ferramentas especulativas novas, negativas ou não.
O cenário atual ainda é de uma soja impactada pela queda dos preços internacionais do petróleo, pela falta de demanda expressiva por parte de empresas chinesas, pela competitividade brasileira crescente com altas cambiais seguidas e pelas projeções de grandes áreas destinadas ao plantio de milho e soja, inclusive com resgate em massa de áreas alocadas no Programa de Conservação do governo norte americano.
Mas o botão de transição do mercado já começa a processar que o Brasil acumula um alto percentual de comercialização da safra 2019/2020 e retrairá vendas. Em paralelo Argentina mesmo com o estímulo da moeda, adota postura retraída devido à alta carga tributária, direcionando investidores a apostarem que em breve será a vez dos Estados Unidos ocuparem a preferência dos compradores mundiais e em especial dos chineses.
Além disso, são cada vez mais recorrentes entre analistas dos Estados Unidos, comentários que o inverno brasileiro deverá complicar a logística de embarques do grão. Alguns antecipam que num futuro próximo o Brasil apresentará dificuldades em administrar os efeitos do coronavirus e que isso respingaria no processo de embarques via portos.
Certamente essa pauta será acompanhada de perto pelos investidores em paralelo a evolução dos trabalhos de plantio nos Estados Unidos, que por agora transcorre de maneira normal, bem diferente do que aconteceu ano passado, quando as chuvas dificultaram ao máximo os trabalhos em campo, lembram?
Será, sem dúvidas, um momento de olhar curioso iniciando o acompanhamento dos trabalhos de plantio no hemisfério norte (EUA, Canadá, Europa e Ásia) sem, no entanto, deixar de observar o que ainda acontece no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Vale destacar que o hemisfério norte atravessa pelo menos 3 fases distintas do coronavirus e será vital entender se a doença impactará em perda do potencial produtivo em parte prejudicada pela questão financeira que pode reduzir o grau de tecnologia a ser aplicado em campo ou então devido a atrasos na entrega de insumos e maquinários.
Um outro ponto que chamo atenção foi China ter anunciado início de 2019 um plano de ação para incentivar produtores a plantar mais áreas de soja em detrimento das de milho. A intenção do governo é reduzir estoques estratégicos de milho do governo e a necessidade de importação da oleaginosa.
E sobre China ainda, os próximos dias ajudarão a clarear a dúvida se o país virá de forma mais agressiva às compras de origem dos Estados Unidos. Nesse momento, demanda chinesa é o combustível que falta para consolidar uma recuperação nos preços na Bolsa em Chicago.
O que aguardam os analistas é que China coloque dia a dia sua rotina em dia e siga colocando em casa grande parte da soja que comprou do Brasil, mas que também passe a comprar grão norte americano com embarques a partir de julho. E esse será o grande questionamento do mercado daqui pra frente.
Um abraço e até segunda,
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