Mais um relatório mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA em poucos dias. Vamos para o terceiro levantamento do ano na quinta-feira, 08.
A grande expectativa de todo o mercado é justamente sobre o tamanho do corte da produção de soja da Argentina. Segundo a maioria dos analistas, o órgão, após revisões mais suaves, em meses anteriores, tem tudo prá ajustar a oferta da Argentina com uma mão mais pesada. A expectativa geral para o reporte do USDA é de uma safra sub 50 milhões de Tons.
Em dezembro a safra estava estimada pelo órgão em 57 e janeiro baixou pra 56 e em fevereiro foi prá 54 milhões de toneladas.
Dos atuais 54 do USDA para estimativas atualizadas na semana passada pela Bolsa de Cereales de Buenos Aires são 10 milhões de toneladas de diferença.
Se para a safra dos nossos vizinhos sul-americanos a expectativa é de uma forte redução , para a do Brasil é esperado aumento entre 1 a 1.5 milhão de toneladas. Em dezembro a safra brasileira estava estimada em 108 e em 2 reportes foi corrigida para 112 milhões de tons. A expectativa geral para o USDA sobre a safra brasileira entre 113 a 113.5 milhões de toneladas é conservadora. A maioria das casas falava em 115 a 116 e já há casas projetando números muito mais altos. A Labhoro Consultoria há 2 semanas corrigiu a safra para 117 e a Agroconsult para 117.5 milhões de toneladas.
Para a safra dos Estados Unidos não há expectativas de grandes ajustes. A safra colhida, projeção de exportação, esmagamento e estoques não devem sofrer grandes correções.
A partir de agora e a cada dia, o mercado acompanhará com maior atenção os fundamentos da nova safra dos Estados Unidos, mas o quadro completo de Oferta e Demanda da próxima safra somente será reportado no Supply Demand de maio. Já a área oficial de Plantio, será anunciada pelo USDA no próximo dia 29 – Prospective Plantings.
Nos próximos dias, as máquinas começarão a semear áreas ao sul do cinturão e Delta e gradativamente os olhos do mercado tendem a monitorar os fundamentos do hemisfério norte, mas não sem antes processar totalmente o efeito Seca da Argentina, o que pode levar ainda algumas semanas.
As chuvas na Argentina continuam frustrando as expectativas e a cada dia as casas de meteorologia empurram as previsões de chuva mais adiante. Nos últimos dias, a província de Buenos Aires praticamente não recebeu chuvas e as temperaturas máximas bateram na casa de 35 a 37 graus nas três principais províncias produtores.
Aqui vale o destaque que a Argentina concentra quase 40% da sua safra de soja plantada entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira quinzena de janeiro. Portanto chuvas futuras mesmo não revertendo quebras já ocorridas com a soja de primeira, ajudariam nas plantas de segunda. Agora caso essas chuvas que estão previstas para o final da próxima semana não aconteçam, as perdas intensificam. E são essas chuvas previstas para o final da semana que seguraram o ânimo dos compradores em Chicago ontem e hoje.
Outro fundamento que estará presente no Radar dos fundos é a decisão do Presidente Donald Trump em taxar a importação de alumínio e aço para motivar a indústria local. Essa situação polêmica rendeu inclusive um pedido de demissão do Assessor econômico de Trump, por não concordar com essa decisão.
Essa barreira tarifária, se aprovada, pode gerar retaliações por parte da China, maior produtor mundial e que seria altamente prejudicado. O medo em Chicago é a taxação passar e a China imediatamente anunciar sanções e cancelar embarques de commodities agrícolas, leia-se soja!
Se isso acontecer, os preços da Bolsa em Chicago sofrem impacto negativo, mas paralelamente os prêmios de exportação para os portos brasileiros valorizariam, pois China realocaria a origem Estados Unidos pelo Brasil. Com a atual seca na Argentina, apenas o Brasil teria condições de atender o fluxo de embarques nessa safra.
Essa “taxação” me parece barulho para testar o mercado, mas o Tema está causando tanto que até a comunidade européia preparou uma pacote de barreiras para uma cesta de produtos de origem genuinamente norte americana, caso os EUA sigam adiante.
Com a baixa de seu assessor econômico e com as ameaças diretas de retaliações é provável que Trump baixe o tom e faça sair de cena esse assunto. Muito provavelmente ele fará isso jogando na mídia outro assunto polêmico. talvez Coréia, talvez Muro do México, vai saber, né o que se passa na cabeça de Trump?
Caso o assunto ” morra”, os fundos de investimentos ficam menos expostos e mais confiantes para processar fundamentos de clima, oferta e demanda.
Adicionar comentários