Ontem, quinta-feira, 07 de Junho, uma dia para entrar para a história do Brasil de forma negativa.
Alguns arriscarão os seguintes fundamentos:
1) Economia Brasileira fragilizada;
2) Nova onda de investigações envolvendo amigos do nome forte do Brasil de hoje;
3) Pesquisas eleitorais mostrando Bolsonaro consolidado em primeiro lugar;
4) Pesquisas eleitorais mostrando Marina caindo;
5) Pesquisas eleitorais mostrando a subida de Ciro para segundo lugar;
6) Alguma recomendação de analista /jornalista econômico em grande mídia televisiva;
7) Trajetória de alta dos Juros nos EUA motivando economia local ?
8) Desvalorização das moedas de países emergentes e obviamente o Real no top 5 dessa desvalorização mundial;
9) Expectativa para novas rodadas de aumento de Juros nos EUA?
10) Rumores de Alta de Juros no Brasil fora do calendário programado
11) Rumores sobre possível renúncia do presidente do BC
Juntos, esses fundamentos quando processados tem gerado um efeito conhecido como Fuga de Capital. |
Relembrando que Brasil não tem mais o Selo de bom pagador. Em meados de 2016 perdeu o Grau de Investimento e muitas agências de classificação então foram obrigadas a retirar a recomendação de papéis.
E quando em uma economia como a brasileira, tão fragilizada pela descontinuidade de trabalho econômico, você associa esses 11 fundamentos aí de cima, chega a uma fórmula explosiva que reflete na fuga de Capital que eu pontuei lá em cima.
Mas agora a pergunta que não quer calar?
Eu diria que por trás da alta incendiária da moeda de terça, quarta e quinta feira, as considerações de um palestrante em um evento promovido por uma Instituição Financeira na terça feira, escancarou a vulnerabilidade da economia brasileira. Foi um evento restrito a uma plateia VIP, considerada a nata dos investidores no Brasil.
A fala tão comentada nos últimos dias foi a de um respeitável gestor de fundos. Foi BOMBÁSTICA e ouso até afirmar CATASTRÓFICA ao externar posicionamento EXTREMAMENTE negativo sobre a economia brasileira. Nesse discurso o palestrante traçou o pior cenário possível ao conjugar um desempenho pífio da economia brasileira com uma trajetória de alta brusca nas taxas de juros praticadas nos EUA.
Afirmou também “que o mercado está FERRADO. Que o cenário externo está contra nós e que cenário interno é reflexo dos nossos próprios erros.” E concluiu sua apresentação projetando o câmbio a R$ 5,30. SIM R$ 5,30!!!
Mesmo sendo seleto, muitos participantes do evento, preocupados, atônitos, incrédulos, começaram a circular essas informações em WhatsApp e essas informações logo viralizaram. E de terça a quinta, investidores começaram a desmontar posições vendidas, montar posições compradas e apostar nessas previsões.
Só pra ilustrar: O contrato de dólar julho na segunda-feira fechou a R$ 3,7565. Na terça ( dia do evento) subiu para R$ 3,8185, na Quarta R$ 3,86 e ontem 3,9775!
Agora me diga aí. Qual seria a razão disso? O que estaria por trás dessa fala? Isso eu não sei dizer…
Mas de algo eu sei: pior que essa fala, foi perceber a exposição e fragilidade do nosso sistema econômico ao não conseguir conter o Efeito Manada.
O nervosismo e a volatilidade de ontem foram impressionantes.
Mas em meio a todo esse sufoco de ontem, o BC do Brasil teve papel determinante e enfrentou o caos de maneira assertiva.
Em meio aos caos e durante o pregão de ontem, o BC atuou em 4 momentos promovendo leilões de Swap Cambial, cujo efeito é garantir liquidez de venda de dólar no mercado futuro. E por perceber que daquelas “intervenções” o mercado processava a atuação com uma forma de “enxugar gelo”, imediatamente convocou uma coletiva com impressa especializada para o início da noite.
Foi a prova de fogo que o BC passou com nota 10!
O presidente, Ilan Goldfajn, foi brilhante em sua postura ao falar de maneira calma, respeitosa e bem pontuada e apresentar dados inquestionáveis sobre a economia brasileira. Ali afirmou e reafirmou que a instituição atuará da maneira que achar necessária para promover liquidez ao mercado.
Reforçou o foco na atuação através de Swap cambial porém sem descartar outras opções. Não titubeou em qualquer momento e firme, passou uma recado claro sobre a atuação da instituição.
Certamente os 11 pontos que detalhei no início do texto não sumiram.
Brasil passará por processo eleitoral, não deixará de ser uma economia emergente e portanto vulnerável aos movimentos mundiais.
Mas algo fica CLARO: O “mercado” entendeu perfeitamente o recado.
Já no início do pregão dessa sexta feira, a moeda abriu mais fraca.
Até o presente momento (16h22 ) o dólar comercial registra uma queda de 5% equivalente a quase 20 centavos.
O dólar comercial negocia agora a R$ 3,7180, tendo cotado mínimas a R$ 3,6950. Ufa!!!!
Um bom final de Semana!
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