Já vou avisando: meu texto dessa semana tem uma linguagem um pouco diferente do que costumo adotar. Como colunista, eu bem sei que esse espaço está relacionado a assuntos agro, técnicos ou não, mas desde o início eu tive liberdade para falar aqui de assuntos que eu quero e por isso resolvi abordar conceitos que remetem à religiosidade.
O objetivo aqui não é fazer apologias a qualquer temática e não existe no texto qualquer forma de julgamento, mas para chegar ao ponto que eu quero, preciso contextualizar minha influência religiosa.
Fui criada em uma família eclética. Mão católica e pai, espírita. E para quem aqui pensar que por essa dualidade existiam conflitos familiares, posso garantir que não havia. Pelo contrário, havia sim uma sinergia entre os ensinamentos.
E ter sido criada em uma família assim, cresci altamente questionadora e mente aberta a vários conceitos e possibilidades. Aprendi que nada na vida acontecia sem um motivo. Que tudo estava relacionado a um contexto maior e que deveríamos tirar de momentos ruins lições para os momentos bons que logo retornariam.
Dentro do que aprendi, curiosamente, me chamava atenção o fato que meus pais reforçavam que mesmo quando se queria muito algo, era necessário demonstrar e reforçar nossas vontades com atitudes e não ficarmos apenas esperando a vontade divina. Aprendi desde cedo que nossas atitudes perante às adversidades fariam toda a diferença e que criariam um “carma bom” em um futuro próximo.
Bom, tendo dito isso, agora posso linkar o meu aprendizado aos dias de isolamento social que a maioria de nós está vivenciando, no qual dúvidas são nossas melhores amigas e sensações, palavras e pensamentos nem sempre centradas nos alcançam. Nesses dias de quarentena, eu me deparei com uma realidade.
Comecei a ver pessoas próximas a mim perdendo foco, a fé e até mesmo a cabeça. Percebi que muitos de nós realmente não sabe lidar com o afastamento social e com o que isso representa para a maioria de nós: cancelamentos de compromissos, prestações de serviços e consequentemente queda brusca de receita no orçamento mensal e contas em atrasos ou endividamento.
Com tanta gente perto de mim demonstrando fragilidade em meio às incertezas, eu passei a me questionar como eu poderia passar por elas e ainda sim ser fortaleza. Como eu, Andrea, poderia agir para garantir momentos mais leves a mim e aos que amo.
Como poderia eu me reinventar e extrair desse momento atual ferramentas que ajudassem meus próximos e que também contribuíssem para meu crescimento pessoal e profissional.
E essas têm sido perguntas recorrentes. Eu me questiono diariamente como posso, dentro das minhas limitações, fazer a diferença e ser um instrumento para ajudar o mundo e me ajudar também. Sim, pois eu também tenho os meus momentos de dúvidas, de questionamentos e de ausência de respostas certeiras.
E foi aí que eu decidi redefinir meus propósitos. Se antes eu acordava agradecendo e projetando palavras chaves de sucesso e equilíbrio emocional, hoje passei a exercitar com maior intensidade tais exercícios. Passei a me conectar mais fortemente a Deus e a buscar em mim, através do exercício da fé, respostas que não tenho.
Em paralelo, passei a reforçar em mim algo que aprendi há muitos anos: Em momentos de crise, as pessoas e empresas se reinventam. Os conceitos se reconstroem.
Passei também a me questionar o que eu poderia fazer diferente em meu dia a dia que agregasse minha vida profissional. Não pense que aqui foi diferente do que aconteceu a muitos que conhecemos. Minhas palestras foram canceladas, as consultorias que eu prospectava, abortadas, assim como os projetos de curto e médio prazos que estava desenhando. Sim, meu horizonte profissional também ficou sem grandes perspectivas.
Agora se para isso não tinha ou tem remédio, friamente eu me pus a analisar como seriam as coisas a partir do momento que os negócios retomarem. Como eu estaria profissionalmente na hora da retomada. Até porque isso vai acontecer. O vírus será controlado. As nações se voltarão a retomada progressiva do cotidiano. O petróleo vai subir, bolsas vão aproveitar as oportunidades, os países vão precisar demandar alimentos… E, com isso, eu me peguei pensando em como eu gostaria de estar nesse momento. No momento em que as empresas voltassem a recontratar cursos, palestras e missões. No momento que os compromissos cancelados começassem a ser retomados?
E foi bem assim e, há exatos 35 dias, que eu me olhei com imparcialidade e decidi que eu estaria no melhor lugar da prateleira que pudesse e não simplesmente apenas na prateleira.
Decidi aproveitar meu tempo para colocar em ação tudo aquilo que eu procrastinava. Sim!!! Você ouviu bem. Eu do alto de minha “experiência” de 24 anos de profissão, estava cheia de vícios limitantes, achando que não tinha tempo para nada e que minha rotina era toda calculada. Não era e hoje eu sei, ainda bem!
Percebi que eu consumia muito tempo pensando em assuntos diversos, em outras pessoas, que dava importância a assuntos vazios e vinha gastando meu tempo precioso em futilidades, perdendo tempo precioso em redes sociais e como uma malabarista tentando levar simultaneamente 5 ou 6 projetos diferentes.
De modo frio e calculista, identifiquei o que era prioridade pra mim e com base nisso desenhei estratégias.
Parei de ler a maioria das mensagens dos grupos de WhatsApp. Lá havia muita briga, ego, polêmicas, notícias sensacionalistas e vazias;
Passei a conversar com as pessoas por telefone e não apenas com um simples “oieeeee”, passei a ler conteúdos técnicos que me interessam, estudar inglês por pelo menos meia hora por dia, anotar minhas percepções, ideias, coisa que nos últimos anos estavam todas na esfera mental. Também aceitei com humildade o poder de alcance do mundo virtual, coloquei minha timidez de lado e abri uma conta no Youtube. O mundo virtual existe e pode ser um aliado;
Reconheci algumas limitações, passei a dizer mais “Não posso. Isso foge da minha alçada” e tudo como mágica me fez ter mais tempo para mim. Não de uma forma egoísta, mas da forma como sempre deveria ter sido, uma forma equilibrada. Até porque ninguém vai pagar minhas contas e viver meus problemas. E tudo isso isso me fez muito mais aberta a outras possibilidades;
Também montei uma rotina diária de trabalho e estipulei tempo por segmentos. O que era do blog, redes sociais, missões, produção de conteúdo escrito e de vídeo;
Passei a ler mais livros e reler material de cursos já feitos. Estabeleci horários para alimentação. Se antes era comum almoçar pelas 15h, hoje 12h30 estou sentada à mesa. Com isso reencontrei o equilíbrio.
Bom, eu sei que nem todas as pessoas respondem aos mesmos estímulos da mesma maneira e o que funciona pra mim não significa que funcionará para você, mas tendo eu feito toda essa revolução na minha rotina, só posso te incentivar a tentar também.
Defina seus objetivos e estabeleça as regras para alcançá-los. Identifique suas aptidões e limitações. Respeite sua essência e se conecte a sua missão. Não se cobre tanto, mas tenha consciência que você pode mais. Acredite sim em você, mãos à obra e boa sorte. E se quiser compartilhar, vou amar saber o que você tem feito para ser uma pessoa melhor.
Vamos com fé e fazendo nossa parte!
Um abraço,
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