Nesse domingo conversei com algumas produtoras norte americanas que me disseram estar preocupadas com a atual temporada de plantio nos Estados Unidos.
O motivo? O clima inapropriado para os trabalhos de milho e soja nos campos do meio oeste.
As produtoras com quem conversei são das regiões sul e central de Illinois e da região leste de Iowa. Elas afirmaram ainda não terem conseguido entrar nos campos devido as chuvas constantes que a região vem recebendo.
Com condições climáticas adversas desde o início do ano (neve, degelo, alagamento, frio) e com previsões climáticas no médio prazo antecipando condições úmidas até maio, na média os produtores já vinham antecipando preocupações.
Mas se antes ainda era muito cedo para antecipar uma preocupação mais concreta, entramos numa janela de maior desconforto e preocupações.
Na região de Sullivan, Illinois, uma dos maiores estados em produção de milho e soja, os trabalhos do cereal que costumam iniciar por volta do dia 15 de abril ainda não foram possíveis e para agravar o cenário e fomentar ainda o desconforto dos produtores mais os mapas climáticos atualizados mostram chuvas moderadas para os próximos 7 dias.
Às vésperas de maio, a preocupação que antes se restringia aos campos, começa a ampliar e com isso ganha peso e atenção dos investidores na bolsa e com isso pode impactar em um premio clima na bolsa em Chicago.
E nesse momento, sem demanda chinesa, o clima poderia causar impacto baixista para a soja.
Isso tudo acontece justamente no início de uma temporada que o produtor americano, aquele que votou no Trump, segue abalado e acumula prejuízos financeiros pelos efeitos da guerra comercial entre os Estados Unidos e China.
Os produtores já vinham desde o início do ano antecipando uma estratégia de plantar mais áreas de milho em detrimento às áreas de soja, uma vez que até agora as vendas do grão da temporada passada estão bem atrasadas, os estoques estão altos e o impasse comercial permanece.
Essa semana que inicia, uma comitiva americana se dirige à China para as reuniões comerciais com representantes chineses em Pequim. Segundo informações divulgadas por autoridades norte americanas, no final da próxima semana uma comitiva chinesa seguiria para novo encontro em Washington.
Em caso de entendimento, o acordo poderia então ser selado entre os presidentes dos dois países.
O mercado chegou a ventilar que a divulgação poderia acontecer no próximo encontro do G20, no final de junho, mas se o acordo estiver de fato acertado, os prejuízos diários que a guerra comercial vem acarretando não só aos dois países como ao comércio internacional, justificariam uma reunião fora dessa programação e é justamente isso que o mercado vai monitorar: qualquer indício de uma encontro entre os Governantes.
Pontuado isso, daqui para frente o mercado acompanhará os mapas climáticos e a evolução de plantio nos campos do meio oeste e toda e qualquer informação ou declaração que os governos divulguem sobre a guerra comercial. No radar também serão acompanhados os movimentos de demanda chineses e a atualização dos casos de gripe suína africana na China.
E em meio a esse cenário, nossos vizinhos argentinos virão com tudo pra oferecer soja no mercado internacional, tirando do Brasil o pouco de vantagem que o país ainda tem nesse momento da guerra comercial.
É isso aí, vamos ver quais surpresas nos guarda essa semana mais curta no Brasil!
Boa semana e bons negócios.
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