O Agricultural Outlook Forum é um encontro anual que reúne representantes do Agro em Arlington, Estados Unidos, para debates sobre a nova agricultura. Nos dois dias de trabalho representantes do governo, produtores rurais, membros de associações e empresas ligadas ao setor debatem temas diversos envolvendo as perspectivas e tendências agrícolas, estudos climáticos e econômicos.
As projeções de área de área de colheita, produtividade, esmagamento e exportação são divulgadas durante o segundo dia de trabalho, mas dados preliminares de área de plantio e projeção de preço são sempre antecipados no início dos trabalhos durante a apresentação do secretário de agricultura dos EUA.
Esse é um momento importante e que marca o despertar de para uma nova safra que começará a ser semeada em poucas semanas. Geralmente os trabalhos desse fórum são como uma chave que liga o radar dos fundos de investimento para um novo fundamento e a partir de então é o momento de começar precificar as possibilidades.
A partir de então, o mercado ficará sensível às possibilidades da nova safra dos Estados Unidos e passará a acompanhar de perto o que é tendência.
E a primeira especulação será justamente a intenção inicial de plantio das famílias produtoras nos EUA. Essa questão costuma em anos normais ser destaque, mas novamente toma proporções mais significativas pelo momento atual da Guerra Comercial.
Mesmo que em uma fase diferente que nos 2 últimos anos, pois já existe um acordo fase 1 oficializado, o mercado quer entender se os produtores norte-americanos apostam no fim do impasse ou se aceitarão ou não tomar um risco de plantar uma área maior com soja que em 2019.
E de acordo com os números divulgados por Perdue na manhã do primeiro dia do fórum, os produtores estão confiantes que as tratativas de acordo das demais fases evoluirão e que a China mesmo focada nesse momento em combater a propagação do coronavírus, voltara em breve às compras.
As intenções preliminares são de uma área de 85 milhões de acres para soja, 94 para milho e 45 para trigo versus 76.1, 89,7 e 45.1, respectivamente, semeadas na temporada anterior.
Vale relembrar que em 2019 a intenção preliminar divulgada durante o Forum era maior do que foi de fato plantado.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA também projetava 85 milhões de acres para a soja e 92 mi acres para milho e 47 para trigo porém as chuvas intensas e incessantes durante praticamente toda a janela de plantio, os produtores norte-americanos, já prejudicados pela continuidade da guerra comercial, deixaram 13 milhões de acres sem plantar nas 3 culturas. E essas áreas foram alocadas no programa de conservação.
Vale o destaque que naquele momento, Trump estava sendo fortemente pressionado pelo setor agrícola para que concluísse de forma positiva as tratativas com China e que atendesse o pleito da classe produtora que se sentia altamente prejudicada e por isso após o fim da janela de plantio, a equipe de Trump anunciou verba para o programa para atender à classe.
E justamente são essas áreas que não puderam ser plantadas e que entraram no programa de incentivo do ano passado que devem voltar essa temporada.
Em paralelo, mesmo com o coronavírus, que sugere não ter atingido o pico do surto na China, analistas de várias casas dos Estados Unidos mostram-se confiantes no retorno da China às compras. Sobre a demanda eu ainda acredito que China deve sim voltar às compras, mas potencialmente para repor estoques de proteína animal e outros alimentos que não soja. O volume de soja deve ser pouco representativo frente à demanda por carne.
Lembrando que Brasil e Argentina já abasteceram uma parte importante da necessidade chinesa e durantes os próximos meses as cargas continuarão a ser embarcadas nos portos da américa do Sul.
Nesse momento de coronavírus, que representa imediata queda de consumo e atividade econômica, não parece factível que com as compras já realizadas pelas tradings chinesas, China volte em peso ao mercado da soja dos Estados Unidos para embarques nos curto e médio prazos.
A chave de tudo nesse momento reside aqui: Coronavírus. A doença impactará no ritmo da demanda chinesa que impactara em preços que por sua vez impactará na decisão do produtor norte americano de qual área plantará. Então vamos ficar ligados. A gente se vê.
Um abraço,
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