Anunciado Bolsonaro como o novo Presidente do Brasil, e passado o clima de extrema euforia que tomou conta da maioria da nação, a governança já começou a ser articulada de forma mais pública e o eleito demonstrou agilidade ao dar início na composição da equipe do Governo que fará a transição com a gestão atual.
Segunda feira, o mercado que já havia precificado que Bolsonaro venceria e vinha apostando nessa linha nas últimas semanas, realizou lucros. Bolsa caiu e Dólar subiu.
Sabe aquela máxima do mercado financeiro: Compre Boato e venda fato? Pois foi bem isso que aconteceu.
Essa queda da segunda foi um movimento normal e a proximidade com o encerramento do mês contribuiu para intensificar a queda da bolsa brasileira.
No geral, fundos, além de investidores e especuladores costumam ajustar carteiras e realizar lucro no final do exercício (mês/trimestre/semestre) para apresentarem balanços positivos e ficarem atrativos aos “olhos” do mercado.
Mas passada a fase de ajustes mais imediatos, na segunda e terça, a bolsa voltou a subir e o dólar segue mais influenciado pelo cenário econômico mundial. Ainda temos questões internacionais importantes como a guerra comercial entre Estados Unidos e China, problemas econômicos graves na Itália, efeitos do Brexit, entre outros fatores.
E além do cenário externo, o mercado estudará o cenário doméstico e os passos dos Governo de Transição.
No nosso mercado doméstico, vivemos o efeito pós euforia se materializado em forma de anúncios de investimentos de importantes companhias (indústria e varejo o que demonstra que os setores secundário e terciário acreditam de fato nesse novo governo e por isso retomam investimentos no Brasil.
E isso é muito importante para o governo que vem com gás total para colocar em prática suas promessas de campanha, entre elas a desoneração fiscal.
Mas o que por ora é bom, poderá num futuro próximo ser apresentado como oportunidade para os mesmos agentes (fundos investidores, especuladores, opositores e até aliados) especularem oportunidades de novos negócios.
Não se esqueça que Bolsonaro tem pela frente 61 dias para anunciar muitos nomes do Governo de primeiro escalão e orientar na escolhas do segundo escalão, declarar algumas linhas imediatas de trabalho. Espera-se que ele visite algumas das mais importantes instituições brasileiras, e que acompanhe a transição dos governos e se atualize dos fatos com Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes, ministros já anunciados que também integrarão a equipe de transição.
Nesses 61 dias temos alguns pontos a monitorar.
Em qual momento dessa transição a cirurgia que Bolsonaro precisa fazer será agendada quantos dias ficará fora dos trabalhos da transição.
Como será montado o Esquema de Segurança do presidente eleito.
Em qual momento serão feitas as tradicionais visitas políticas. Natural o presidente eleito visitar instituições importantes como STF, TSE, Congresso, BC, forças Armadas.
Como será a articulação política de Bolsonaro.
Como será conduzido o Tema Reforma da Previdência.
Como serão anunciadas as tão prometidas “fusões” de ministério.
Qual será o viés da visibilidade que a grande mídia dará ao novo presidente e sua equipe.
Como será moldado o papel do vice-presidente, o General Mourão: exercerá uma postura mais figurativa ou articuladora ou trabalhará ativamente em algum segmento do governo:
Como será a receptividade do mercado e qual será a linha de atuação dos Ministros escolhidos e de suas equipes:
Mas talvez um dos principais pontos a monitorar seja como a esquerda atuará nesse período de transição e principalmente como se posicionará para o período de mandato.
Em apenas 4 dias de transição, so far so good, tudo vai bem até agora, inclusive hoje com o anúncio do superministério da Justiça encabeçado pelo Juiz Sérgio Moro.
Mas precisamos lembrar que o Brasil ainda vive e convive sob efeito de pensamentos de um governo esquerda, embora Dilma tenha deixado o governo em 2016. E a esquerda que perdeu democraticamente as eleições atuais me parece que fará o “seu papel” como oposição.
Então nesse ponto e sem fazer qualquer alarde inoportuno ou tendencioso é normal acreditar que o mercado monitorará a articulação política dos partidos de esquerda e também os possíveis movimentos que a esquerda decidir fomentar.
Logo após as eleições, enquanto alguns representantes da esquerda declararam oposição, caso de Ciro Gomes, outros representantes foram além e declararam Resistência. Então muito importante é saber o que é modelo de Resistência para eles e de qual forma a exercerão. Será por movimento de greve, manifestações, invasões de Movimentos coligados ou será através de um movimento mais cultural?
Bom isso só saberemos com o caminhar da transição e também com o início do governo.
E além de todas essas questões mais imediatas, alguns outros questionamentos estão sendo construídos e entre eles 2 me deixam mais curiosa:
Primeiramente como será a articulação do Presidente junto ao Novo e renovado Congresso Nacional 2019 e por segundo quais serão as diretrizes para reformas prometidas em fase eleitoral e em especial a Reforma Fiscal e Previdenciária.
Não podemos esquecer que mundialmente muito do discurso do candidato em campanha costuma ser abandonado à medida que o cargo começa a ser exercido. Mundialmente esse é um fato. Donald Trump candidato não é mesmo Donald Trump como presidente. E talvez a pergunta que valha milhões no mercado financeiro seja justamente o quanto do Bolsonaro candidato seguirá com o Bolsonaro Presidente.
Sua base eleitoral assim como o mercado seguirão acompanhando os próximos passos. Lembrando que para uma boa governança é importante que o presidente mantenha bons níveis de aceitação.
Um abraço e um bom feriado Andrea Cordeiro
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