Participação feminina na tomada de decisões do setor produtivo vem crescendo nos últimos anos
Onde estão as mulheres do agro? Era essa pergunta insistentemente eu fazia quando eu participava de reuniões e notava a ausência de mulheres em cargos de liderança.
Onde estão as mulheres do agro? Questionava-me enquanto conversava com algum produtor que pedia para sua esposa ou filha só anotarem um “recadinho”, sem permitir que as mulheres da família também estivessem mais presentes nos negócios.
E essa pergunta continuou me intrigando por muitos anos, e só ganhava mais força, principalmente quando em meio a uma reunião importante, mesmo eu estando lá do outro lado da mesa, me pediam para servir um café. Detalhe: eu participava do encontro como com expertise muitas vezes superior a vários outros profissionais que estavam naquelas mesas, mas mesmo assim alguns simplesmente não me viam como profissional.
Nada contra o pobre do café, e eu poderia servir, sem problema algum, mas há formas e formas de alguém pedir essa gentileza. E nós mulheres conhecemos o tom do pedido como ninguém, não é verdade?
Até que eu resolvi achar essas mulheres, ou melhor, permiti que me vissem e assim não se sentissem mais sozinhas. Como numa inspiração, eu fui entendendo que o meu lugar era de mostrar que era possível e deixar o caminho aberto para outras.
Talvez assim como eu, elas viessem de uma família em que a palavra mudança não era vista com bons olhos. Mas tudo evolui e tudo se transforma. Por que não a mulher, filha, nora ou sobrinha participar e contribuir com os negócios da família?
Hoje, após uma experiência de 24 anos no agro brasileiro, é lindo ver como as mulheres finalmente estão ocupando seus espaços. As vejo a rodo em todas as culturas e segmento. Ela estão dentro e fora da porteira, ocupando suas cadeiras, assumindo seus protagonismos e participando ativamente como nunca.
O agronegócio é um dos pilares da economia no Brasil. Inclusive, vale a pena lembrar que, durante a pandemia, o setor até baqueou no início, com algumas cadeias fragilizadas e prejudicadas, mas se ajustou, readequou-se e como um todo permanece crescendo. Por isso não é exagero dizer que nós somos referência, nacional e internacionalmente! E isso não é contar vantagem, faz parte do que estamos vendo, escutando e vivenciando dia a dia.
Em todas as minhas experiências com mulheres fora do Brasil, durante missões em congressos ou imersões pelo mundo afora, a gente aprende, mas a gente também compartilha muito. E a presença feminina também se faz presente e é um presente para quem nos recebe. Do lado de lá das fronteiras, as mulheres também conquistam seus espaços e brindam conosco.
Quando voltamos para o nosso país, a gente compartilha o que aprendeu e na troca ganhamos ainda mais força, nos reabastecemos e outras se achegam.
Diferente do que alguns podem pensar, falar e incentivar a presença de mulheres em todas as áreas, incluindo o agro, não tem nada de glamuroso. É muito mais uma missão e propósito do que confete. Eu digo que é como um sacerdócio mesmo.
Alegria é ver a sororidade fazendo parte dessas relações. Quando uma chega lá, não planta a rivalidade feminina como muitos bradam por aí, mas planta o exemplo.
E é assim pelo exemplo que vemos que podemos ser o que quisermos. E isso é mais do que dizer que somos empoderadas ou outros rótulos que tentam definir algo tão intangível como a força e a presença feminina.
Bem-vindas, mulheres do agro. Por mais ministras, economistas, consultoras, produtoras, pesquisadoras, pecuaristas, empreendedoras e o que mais quisermos ser.
Um forte abraço,
Fonte: Matéria de Andrea Cordeiro feita para o Blog Agroinspiradoras
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